Este blog destina-se a divulgar as atividades desenvolvidas pelos alunos e professores do Clube Floresta Urbana da Escola E.B. 2,3 de Gualtar, Braga
10.11.10
O Homem das Castanhas
E porque, a propósito de castanhas podemos relembrar Ary dos Santos, aqui fica!
O HOMEM DAS CASTANHAS
"Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.
A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa."
Poema de José Ary dos Santos
Paulo de Carvalho musicou o fado para a voz de Carlos do Carmo. Pode ouvi-lo aqui!
http://www.youtube.com/watch?v=1PN0zy0XaOQ
Numa interpretação de Carla Pires, o mesmo "Homem das Castanhas".
http://www.youtube.com/watch?v=RLU328a6HcY
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário